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De cada dez domicílios brasileiros, seis vivenciam algum grau de insegurança alimentar. Essa é a conclusão de uma pesquisa coordenada pela Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB).
A pesquisa levantou dados detalhados de 2.004 brasileiros de todas as regiões do país, por telefone. Entre os entrevistados, 59,4% relataram ter reduzido a quantidade e qualidade de alimentos no último trimestre de 2020. A comida está em falta, inclusive para as crianças, em 15% dos lares pesquisados. A situação é mais grave nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Milene Pessoa, professora do Departamento de Nutrição da UFMG e uma das participantes do estudo, lembra que o levantamento foi feito em um momento em que as pessoas estavam recebendo parcelas de R$ 300 de auxílio emergencial. Metade dos entrevistados relataram ter recebido ao menos uma parcela do programa em 2020.
“É muito provável que a situação hoje seja muito pior, porque as pessoas realmente precisam do auxílio para se alimentarem. Na pesquisa, 63% das pessoas disseram que utilizaram o auxílio para comprar comida”, explica.
A pesquisa indicou ainda que a insegurança alimentar afeta sobretudo mulheres, pessoas pardas e pretas, moradores de áreas rurais e domicílios com menor renda per capita.
O estudo verificou ainda quais alimentos as famílias passaram a comprar mais ou menos. Houve um aumento no consumo de ovos entre 19% dos entrevistados e uma redução de 44% no consumo de carnes. Os relatos mostraram que houve uma redução de 85% de alimentos saudáveis (como frutas, verduras, leite e carnes) entre as famílias que possuem algum grau de insegurança alimentar.
“Esses dados estão associados a uma redução na renda, a um impacto na perda de emprego, ao aumento dos preços dos alimentos, à perda no poder de compra da população”, afirma Milene.