Preços de medicamentos de UTI aumentaram mais de 200% desde início da pandemia no interior de SP



Os preços de anestésicos, sedativos e bloqueadores musculares no interior de São Paulo estão até 220% superiores aos praticados no início da pandemia.

O Painel teve acesso a uma planilha com os preços pagos em junho de 2020 e em março deste ano por hospitais do interior de SP, entre eles, a Santa Casa de São Carlos (a 232 Km de São Paulo).

O hospital tem 30 leitos de UTI, todos ocupados, e a cidade tem cerca de 20 pacientes na fila de espera por tratamento intensivo contra a Covid-19..

O midazolam, um dos principais anestésicos utilizados na intubação, por exemplo, era vendido em junho do ano passado a R$ 6,3 a unidade.

Agora, caso o hospital consiga comprar o medicamento, que está em falta no mercado, o preço cobrado é R$ 20,5, valor 220% superior.

Possível substituto do midazolan, o propofol de 20 ml também viu o preço disparar 190%, saindo de R$ 10,8 para R$ 32.

Os bloqueadores musculares, imprescindíveis para a manutenção da respiração mecânica nos pacientes intubados, também tiveram os preços reajustados.

A unidade do brometo de rocurônio, antes vendida a R$16,4, agora custa no mínimo R$ 40.

Na Santa Casa de São Carlos, segundo o provedor Antônio Morillas Júnior, o aumento no preço dos medicamentos e materiais utilizados na UTI fez com que o custo diário de um leito saltasse de R$ 600, em outubro de 2020, para R$ 1,2 mil neste mês -o valor não leva em conta custo de equipe médica e outros gastos.

Nesse cenário, diz Morillas Júnior, o valor de R$1,6 mil repassado pelo Ministério da Saúde para custear cada leito não consegue cobrir os gastos.

“É de 200% a 300% em média o aumento dos medicamentos e insumos. A saída é pedir ajuda para a população e para as empresas”, diz ele.

Para viabilizar a arrecadação de dinheiro, a Santa Casa criou uma Central de Captação de Recursos que recebe doações em dinheiro, via PIX, boleto ou por desconto na conta de água.

O Sindusfarma, que representa as indústrias farmacêuticas, diz que os medicamentos são o único bem de consumo no Brasil que têm preços controlados e que a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) estipula um preço máximo no lançamento do produto.

Sobre os aumentos nos medicamentos de UTI, a entidade afirma que o “comportamento de preços desses produtos deve estar sendo afetado pela elevação de custos de produção decorrente do desarranjo das cadeias de suprimento globais”.
Leia mais (03/23/2021 – 12h00)

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