Piscina que não molha e nuvens em caixas intrigam em exposição de argentino


O estudante Thiago Rodrigues, de 24 anos, entrou numa piscina e não se molhou. Estava vazia? Não parecia. Também ficou diante de um espelho -era espelho mesmo?- no salão de beleza e viu outra pessoa no reflexo.
Rodrigues passou por uma experiência sensorial, proposta pelo artista argentino Leandro Erlich, de 48 anos, a partir do que estamos acostumados a fazer e ver no nosso cotidiano, mas a que nem sempre damos atenção.
Atenção, aliás, está, ao menos de alguma maneira, no nome da exposição do artista no Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte, e que vai até 22 de novembro.
A mostra na capital mineira com 20 instalações se chama “A Tensão”, essa uma sensação presente em tudo o que o artista fez e foi posto na exposição.
Quer tensão maior do que olhar pela porta de um elevador e ter a impressão de que o poço não tem fim, nem para baixo nem para cima? E pior ?perceber externamente que, na verdade, não há ali um poço de elevador.
E quanto a ver nuvens, símbolos de liberdade e movimento, fatiadas e encapsuladas em um quadrado de vidro? Sustente o fôlego. Principalmente porque na sequência você vai ser transformado em um fantasma.
Em um jogo de reflexos, os visitantes se sentam em bancos individuais dentro de uma câmara escura e têm a imagem projetada ao lado para uma antiga e empoeirada sala de aula. O resultado é uma visão espectral, etérea dos visitantes, que parecem estar estudando no passado.
Rodrigues, que mora na cidade vizinha de Contagem, e visitou a exposição na última segunda-feira, gostou da forma que a exposição envolve corporalmente os visitantes. “Na piscina, a sensação que se tem é que você está realmente instável, como acontece quando a gente está dentro da água”, relatou. A instalação, batizada “Swimming Pool”, piscina em inglês, é a grande atração da mostra e foi montada no final do percurso.
O acesso é pela parte lateral da piscina. O visitante entra e anda pelo fundo da estrutura. Por cima há uma lâmina de acrílico que recebe água constantemente. Quem está de fora, olhando de cima, têm a sensação de ver pessoas se movimentando “dentro da água”.
Já quem está no fundo da piscina e olha para cima tem a estranha impressão de estar na água mas sem se molhar. “Dá uma ideia de profundidade para quem está dentro”, disse a nutricionista Naiane Ferraz, de 25 anos, também de Contagem.
De estrutura mais complexa, a visitação à piscina ficou suspensa por três dias na semana passada para reparos após vazamento.
Depois de passar por ela, a visitante Barbara Teixeira, de 23 anos, moradora da capital, recém-formada em jornalismo, faz um balanço do trajeto pelas obras do artista argentino, um percurso que dura aproximadamente 40 minutos. “É um teste para a nossa percepção, com detalhes do cotidiano que a gente às vezes não repara”, afirma.
Leia mais (09/29/2021 – 10h00)

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