Na Capital do Império Galáctico – Por Leonardo de Magalhaens – #temporadadetextos

Fonte: Pixabay

    Precisamos fugir. Tropas atacam a Capital do Império Galáctico. Precisamos fugir para fora da extensa metrópole de aço e vidro. No elevador encontro uma vizinha que ajusta seu visor óptico. Ela deve sofrer de miopia. No hall de entrada, agora nossa saída, encontramos um senhor de idade, imaginamos ser um professor do bloco Q2b.

         Precisamos encontrar um transporte. Lá está numa plataforma suspensa dirigida por um robô XC3. A minha vizinha exibe um cartão óptico e o robô dá ignição ao veículo. A vizinha me olha, e olha o senhor ao nosso lado. Quem é ele? Podemos confiar nele? Não sabemos. Mas ele pede nossa ajuda. Não podemos negar.

         Com nossa bagagem, as poucas roupas térmicas, os tênis elétricos, uma coberta, e uma cabana inflável precisamos atingir os subúrbios da Capital do Império Galáctico. Começou um bombardeio. Não há trégua. Persistimos na nossa fuga. Sobreviveremos na floresta fora da metrópole?

         O senhor ao nosso lado é bem misterioso. Poucas palavras. Parece um funcionário imperial. Ou da antiga República? Parece alheio, parece meditar. Não se assusta com as bombas que explodem ao redor. Os fachos de armas laser não o fazem nem piscar. Minha vizinha grita em pânico.

         O veículo quase atropela um jovem que atravessa a plataforma. Quem será? Parece um oficial imperial. Não temos certeza. Ele aborda o veículo e quer seguir conosco. Será um desertor? Não perguntamos. Ele tem uma pistola laser. O jovem oficial não acha que o idoso ao nosso lado seja um professor. Quem será então?

         Outro desertor? Eles se farejaram? Por que são desertores? Serão da antiga República? Pretendem se unir as tropas que cercam a metrópole do Império? Não sabemos e aquela pistola laser não ajuda nossa curiosidade. O robô XC3 mantém o curso do veículo na plataforma. O bombardeio não dá trégua. As tropas invadem os subúrbios, avançam com suas armas laser e canhões de plasma. Acrobacias de jatos em combate.

         A plataforma é atingida no meio do caminho. Quando percebemos o veículo não tem mais como avançar. Vamos abandonar o veículo. E o robô XC3 ? O senhor aconselha que não abandonemos o robô. Um robô é sempre útil, ele argumenta. Assim somos agora cinco em fuga.

         Avançamos no declive paralelo a plataforma e chegamos nos limites da metrópole. Uma das duas luas está visível no céu meridional. A minha vizinha nunca saiu da cidade, não sabe o que há além. Por sorte ela entende de primeiros socorros. E tem curativos e cicatrizadores elétricos na mochila.

         Seres urbanos sobrevivem numa floresta? E com um robô que só entende de trânsito? Mas nosso professor é um homem hábil. Ele parece entender de seres mecânicos. Logo quer mudar a programação do XC3. Mas não há tempo. Dois soldados armados estão na nossa retaguarda. Antes que avancem sobre nós, o senhor ergue o braço e os soldados estão paralisados. O oficial aponta a arma laser ao idoso. Que ele se identifique?  Que poderes eram aqueles?

         O senhor não responde. Aponta um transporte que está ao fim da plataforma. Podemos atravessar nos limites da orla florestal. Precisamos nos apossar do veículo e contornar o efetivo das tropas. Minha vizinha se desespera. Como podemos nos disfarçar quando próximos aos invasores?

         O jovem oficial desertor está nervoso com sua arma laser apontada. Os rebeldes não fazem prisioneiros. O senhor promete que nos salvaremos todos. O velho cavaleiro jedi se sacrificaria para nos salvar? Como seus poderes ocultos podem salvar os desesperados fugitivos?

           Nunca saberei. Foi aí que eu acordei.

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