Capital registra número recorde de sepultamentos em dezembro

O avanço da letalidade do coronavírus nas últimas semanas infelizmente já surtiu efeito nos cemitérios de Belo Horizonte. O mês de dezembro registrou recorde de sepultamentos nas necrópoles públicas municipais, com 972 enterros e média diária de 31,34 corpos sepultados, o que configura um aumento de 17,5% na comparação com o mês anterior.

Desde agosto a cidade não registrava tantos enterros em cemitérios públicos. Naquele mês, a média de sepultamento foi de 34,84 por dia, com total de 1.080 enterros. O período com número mais alto foi julho, quando 1.280 corpos foram colocados nas sepulturas. Foi exatamente neste contexto em que a cidade presenciou um crescimento no número de casos de Covid-19, elevação que não cessou em definitivo desde então.

O levantamento foi disponibilizado pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica a pedido da reportagem de O TEMPO. Os dados envolvem os cemitérios da Saudade, do Bonfim, da Paz e da Consolação.

Fim do ano interrompeu trajetória de queda

Em novembro, quando 774 corpos foram enterrados nos cemitérios públicos da cidade, a tendência de alta já tinha se apresentado, com elevação de 10% em relação a outubro, que teve 716 sepultamentos. Na ocasião, foi interrompida uma trajetória de queda nos números, que já durava três meses seguidos.

A elevação também contaminou o balanço total de sepultamentos em 2020, com aumento registrado de 7%. Foram 10.954 pessoas que ocuparam os jazigos municipais no ano em que a pandemia iniciou seus estragos em todo o Brasil, enquanto o ano anterior havia contabilizado 10.179 sepultamentos.

Mesmo com esse cenário de aumento, ainda não foi necessária a ampliação nos cemitérios, já que os jazigos são compostos por três gavetas. Cada um desses compartimentos tem prazo mínimo de 2 anos até que os restos mortais sejam exumados e deem lugar a outros corpos. Mas o crescimento da demanda gerou necessidade de ajustes nas rotinas dos funcionários desses cemitérios, especialmente na gestão das reservas técnicas, segundo informações da administração municipal.

Demanda maior aconteceu na véspera do Natal

Nos jazigos particulares, os funcionários também perceberam que dezembro foi um mês de maior movimentação do que o esperado. “Houve uma alteração sim, mas não foi exorbitante”, informou Marcos Santos, gerente do Bosque da Esperança, cemitério situado na região Norte da capital. No local são enterradas, em média, 170 pessoas todos os meses.

Nem tão sutil foi o aumento verificado entre as empresas funerárias, que cuidam da preparação e do translado dos corpos. Entre elas, o crescimento na demanda foi de 28% em dezembro, conforme amostragem calculada pelo Sindicato das Empresas Funerárias e Congêneres de Minas Gerais (Sindinef). O sindicato informa ainda que aumentou também o percentual de corpos vitimados pela Covid, que foi para 21,3% dos sepultamentos por eles realizados. “Nos meses anteriores esse índice ficava em torno de 18%. O de dezembro só não foi maior do que julho, quando esteve em 23%”, informou Daniel Pereirinha, presidente do Sindinef.

Em julho, no entanto, historicamente é registrado aumento no número de óbitos devido ao período de férias, que acaba concentrando mais mortes por acidentes nas estradas. Essa movimentação também acontece durante meses que contam com feriados prolongados.

Um indicativo de que o período natalino foi de luto para muitas famílias é o pico de velórios registrados entre os dias 23 e 24 de dezembro. Segundo  Pereirinha, na véspera e antevéspera do Natal a contratação dos serviços funerários teve elevação de 42%. “Só não foi necessária a contratação de mão-de-obra complementar porque as empresas já estão preparadas”, disse.

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