BH tem mais quatro casos de raiva em três semanas e registros sobem para 18


Belo Horizonte confirmou nas últimas três semanas mais quatro casos de raiva. Com isso, os registros da doença infecciosa viral, que tem letalidade de aproximadamente 100%, saltaram para 18. Todos os animais atingidos com o mal foram morcegos, garantiu a prefeitura.

Na capital, desde 1.984 não há casos de raiva em humanos. Em gatos e cães a enfermidade não ocorre há 36 anos e há 32 anos, respectivamente. Os casos confirmados em 2021 já ultrapassam as ocorrências de 2018, quando foram 16 morcegos positivos para a raiva. No ano passado foram 11 animais com a doença e, em 2019, 15.

“A circulação do vírus da raiva é mantida sob vigilância da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Em 2021, foram diagnosticados 18 morcegos positivos para a raiva em Belo Horizonte. Até o momento, não foi identificado nenhum outro animal com a doença”, informou a prefeitura

Dos morcegos contaminados neste ano, três foram encontrados na região da Pampulha. A SMSA garante que os animais estavam em locais diferentes e, por isso, não tem indicação de surto da doença. Morcegos com a doença também foram encontrados no Parque Municipal e, por isso, a área verde segue fechada e sem previsão de reabertura. O espaço somente será liberado para visitação do público quando os gatos que vivem no local forem vacinados.

Alerta

Conforme a PBH, em caso de identificação de um morcego com comportamento anormal, a população não deve tocar ou tentar remover o animal e deve acionar imediatamente o serviço de zoonoses da capital. A equipe pode ser acionada pelos telefones 3277-7411/3277-7413/ 3277-7414 ou ainda pelo 156.

“Sempre que é feito o recolhimento dos morcegos é realizada também ações de prevenção e bloqueio no raio de 300 metros de onde foi encontrado o animal, para evitar possíveis intercorrências. Os agentes de zoonoses repassam orientações para a população quanto aos cuidados para evitar a presença dos morcegos nas residências e é feita a verificação vacinal dos animais domésticos. Os que não foram vacinados recebem a vacina contra raiva”, frisou a prefeitura..

Uma das principais estratégias de BH para prevenção da raiva é a vacinação antirrábica anual de cães e gatos. A campanha de imunização contra a raiva animal é definida pelo Ministério da Saúde e, neste ano, a previsão é que a ação seja realizada em outubro.

Apesar da campanha ainda não ter iniciado, neste ano cerca de 8 mil cães e gatos já foram vacinados na capital mineira.  “E realizadas 10 ações de prevenção e bloqueio, abrangendo mais de 6 mil imóveis, além da ação que está em andamento no Parque Municipal”, conforme a SMSA.

Podem receber a vacina cães e gatos a partir de 3 meses de idade.

Confira abaixo informações do Ministério da Saúde sobre a raiva:

Como a raiva é transmitida?
A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.

O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

Quais são os sintomas da raiva?
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:

– mal-estar geral;
– pequeno aumento de temperatura;
– anorexia;
– cefaleia;
– náuseas;
– dor de garganta;
– entorpecimento;
– irritabilidade;
– inquietude;
– sensação de angústia.
– Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e alterações de comportamento.

Quais são as complicações da raiva?
A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como:

– ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
– febre;
– delírios;
– espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões.
– Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”).
– Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.

IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.

Como é feito o diagnóstico da raiva?
A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de folículos pilosos).

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.

Diagnóstico diferencial

Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.

No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.

Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do comportamento.

Como é feito o tratamento da raiva?
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.

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