Acidente tira quatro vidas na campeã de mortes no Brasil

 
Bruno Luís Barros
Especial para o EM
 
A BR-116, considerada a rodovia que mais mata no Brasil, foi palco de mais uma tragédia neste fim de semana. Um bebê de apenas 1 ano e 1 mês e três mulheres – duas delas de 48 e a outra de 65 anos – morreram em acidente envolvendo um ônibus da Viação Gontijo, que despencou de uma ribanceira de cerca de 150 metros de profundidade na BR-116, em Leopoldina, na Zona da Mata, na noite de sábado. Outros 49 ocupantes do veículo ficaram feridos e os bombeiros passaram toda a madrugada e o domingo no resgate das vítimas. No ano passado, a BR-116 deixou quase 700 mortos – 115 deles em território mineiro – e, nos últimos cinco meses, o mesmo trecho do acidente de ontem foi cenário de pelo menos outros três episódios lamentáveis de desastres de trânsito.
 
 
De acordo com a Gontijo, o motorista teve apenas cortes pequenos no braço e na cabeça e foi logo liberado do hospital de Leopoldina. “Ele prestou depoimento à polícia, informando que chovia muito na Serra da Vileta quando, ao entrar em uma poça d'água, o ônibus perdeu a aderência ao solo e saiu da pista, deslizando para a ribanceira”, informou a empresa, em nota. Ainda segundo a Gontijo, 34 passageiros foram examinados e liberados pelos médicos ao longo do dia. No início da noite, o total de liberados subiu para 42, e seis permaneceram nos hospitais, mas sem quadros graves, informou a empresa.
Conforme a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), as vítimas do desastre de ontem foram submetidas a exames de necropsia, apontando que as mortes decorreram de politraumatismo contuso. As causas do acidente ainda serão investigadas pela perícia criminal da PCMG – que coletou várias informações técnicas no local. O acidente ocorreu por volta das 23h e chovia bastante na hora. O trecho é sinuoso e conta apenas com pistas simples. Na altura do Km 776, o veículo de transporte perdeu o controle e atravessou uma curva caindo no barranco íngreme e capotando.
 
 
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o ônibus fazia a linha Santo Amaro (SP) a Ubatã (BA), transportando 46 adultos pagantes. Também estavam dentro do veículo – além do bebê que morreu – outras cinco crianças e o motorista. Os trabalhos de resgate tiveram início durante a madrugada com o empenho de 13 militares e cinco viaturas do sétimo pelotão do Corpo de Bombeiros Militar de Leopoldina.
SOBREVIVENTES Ontem à tarde sete militares ainda estavam no local, com duas guarnições empenhadas no resgate: uma de Leopoldina e outra de Além Paraíba. Os sobreviventes foram enviados a hospitais de pronto-atendimento em Leopoldina e Cataguases. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deram apoio ao resgate.
O local, de difícil acesso, e a densa vegetação foram fatores que, conforme a corporação, dificultaram a conclusão dos trabalhos. “O ônibus foi retirado agora há pouco do local, onde foi necessário a interdição de meia pista da rodovia pela Polícia Rodoviária Federal”, informou o CBMMG, em nota emitida à imprensa por volta das 17h. Meia pista da rodovia ficou interditada por cerca de três horas, sob comando da Polícia Rodoviária Federal. A Polícia Militar de Minas Gerais também deu apoio à ocorrência.
APOIO Em nota enviada ao Estado de Minas na noite de ontem por sua assessoria de imprensa, a Gontijo lamentou a morte dos quatro passageiros e informou que acompanha o estado de saúde dos feridos.Destacou ainda que  “todo ônibus da Gontijo só sai da garagem para iniciar viagens após revisão mecânica e todo o cuidado na estrada para garantir a segurança dos passageiros”.
Segundo a nota, “a empresa enviou imediatamente para o local três gerentes de Belo Horizonte para acompanhar os passageiros em hospitais, onde o estado de cada um foi checado, além de avisar as famílias, levar os que os médicos liberavam para local onde podiam tomar banho, descansar, além de receber alimentação. A empresa cuidou também do acompanhamento às famílias na liberação dos corpos junto às autoridades”.
 
 
Em um ano, 690 óbitos
 
A BR-116 tem 4.500 quilômetros de extensão, sendo a maior estrada totalmente pavimentada do Brasil. Ela tem início em Fortaleza (Ceará), passa por 10 estados brasileiros e termina em Jaguarão (RS), na fronteira com o Uruguai. Durante todo este caminho, a estrada acumula acidentes fatais, podendo ser considerada a rodovia que mais mata no país. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal que constam no Painel Confederação Nacional do Transporte (CNT) de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, com os números de 2020.
Segundo o relatório, somente no ano passado foram 690 vidas perdidas nessa via. No trecho em que ela passa pela Região Sudeste do país, essa é também a rodovia com maior número de acidentes. Em 2020, foram contabilizados um total de 4.333 acidentes com vítimas, sendo 369 vidas perdidas na região.
Em Minas Gerais, estado campeão no triste número de mortes e de acidentes nas rodovias federais, a BR-116 só perde para a BR-381, que enfrenta condições precárias de pavimentação e sinalização por sua extensão.
Os desastres ocorrem com frequência. No domingo atrasado, 29 de setembro, dois homens morreram carbonizados na BR-116, também em Leopoldina, após uma colisão frontal entre os carros que eles dirigiam. O acidente daquele dia foi registrado na altura do quilômetro 738. Na ocasião, os bombeiros informaram que um dos carros envolvidos saiu da pista após bater e atingiu uma área de vegetação às margens da rodovia. O motorista de 57 anos morreu na hora com o impacto da batida e a explosão do carro. O outro veículo também explodiu na rodovia, ocasionando a morte de um jovem de 23 anos. As duas vítimas ficaram presas às ferragens e foram retiradas pelos militares.
Em 13 de julho duas carretas se acidentaram e provocaram um incêndio no quilômetro 782, entre Leopoldina e Além Paraíba. Um dos veículos, que transportava óleo diesel e outros combustíveis, explodiu e acabou carbonizado. Segundo a Polícia Federal (PRF), os dois motoristas foram socorridos com lesões e encaminhados a hospitais da região.
Dias antes, em 30 de junho, uma jovem de 19 anos morreu quando o carro em que ela estava bateu contra o guarda-corpo de uma ponte na BR-116, no mesmo município, e caiu de uma altura aproximada de cinco metros. Há a probabilidade de ter sido no mesmo local da tragédia com ônibus deste fim de semana, mas o dado não foi confirmado pelos bombeiros. 

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